CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

QUANDO A QUESTÃO É DA MATÉRIA..., por Mateus Alves da Silva

QUANDO A QUESTÃO É DA MATÉRIA...
À medida que o tempo vai indo, vou confirmando duas suspeitas que tive desde muito cedo: de que sou avesso a regras e de que estas pouco valem para o mundo. Talvez valham aquelas das leis naturais, se é que valem, se é que existem, como as concebemos. O próprio universo é uma manifestação quântica, somente. Há quem lhe dê valor. Há quem tente compreendê-lo. Pois sim. Sou avesso a regras e acho que devemos evitar criá-las e, na medida do possível, até mesmo reconhecê-las. Basta-nos o consenso.
Puxo esse assunto, para falar sobre acidente de trânsito grave e recente, repetente, aliás, em via concorrida de Belo Horizonte, no chamado Anel Rodoviário, com muitas vítimas. E para discutir soluções...
No calor do trauma, o que se esboça é apenas a tomada de medidas de urgência, a começar pela colocação de fartos radares eletrônicos.
Que ficasse claro tratar-se de medida de emergência somente!...Radares não resolvem o problema central do caso. Evitarão mortes?! Quem sabe.
O que se sabe é que o tal Anel é ligação entre Vitória (e parte do Nordeste) e São Paulo, na passagem por Belo Horizonte. Comporta, por isso, um tráfego enorme de veículos pesados e, é bom dizer, pesados mesmo. Há caminhões em trânsito que, sozinhos, são verdadeiros comboios, os tais “tritrens”, além dos “bitrens” e das inúmeras carretas de cargas as mais variadas.
Além disso, qualquer motorista conhece o efeito psicológico de estar-se em rodovia e atravessar cidade. A tendência de manter velocidade elevada, nesse caso, é grande. Tem-se, portanto, veículos pesados atravessando a cidade com velocidades significativas. Os radares, de fato, poderiam tocar nesse aspecto do problema, e o analista afoito dirá logo que, para se salvar uma vida que seja, vale a pena tomar qualquer medida e rápido. Ou pelo menos renderiam muitas multas. Mas há outros fatores cruciais para a solução do caso, sequer mencionados pela mídia.
O principal deles é o fato de tratar-se de uma rodovia que, em determinadas horas (quase todas, aliás,) tem um volume de trânsito além do normal, intenso demais para as suas simplórias condições, incluindo curvas, áreas de aceleração natural em declives e de redução forçada em aclives, entradas de outras vias importantes etc. Há até pedestres e, pasmem, carroças.
O segundo problema, o fato de ser o que já dissemos acima, um misto de via urbana e rodovia de passagem. O que é que tem isso? Tem, de complicado, por exemplo, a mistura de veículos que trafegam ainda como se em rodovia intermunicipal com outros em trânsito urbano (e alguns urbanos até demais como é o caso dessas carroças). Na prática, quero dizer, ainda por exemplo, da mistura que ocorre entre a vovó que, digamos assim, saiu do Barreiro para visitar o neto em Venda Nova e o motorista da scania trucada que saiu de São Paulo e espera chegar no Porto de Vitória, para recarregar “ainda hoje”, e seguir rumo. Não que sejam incompatíveis estes cidadãos. Podem dar até um belo e maduro par, dependendo das condições. Mas Uno Mile de marcha travada e scania de 16 mil kilos solta não combinam.
E tem mais. Para os que amam o tecniquês, não se sabe ao certo os percentuais de mortes que os radares e as regras, direta ou indiretamente, evitarão ou causarão. Evitarão algumas, com certeza. Mas e aquelas que esses incômodos irão causando diariamente, em doses homeopáticas e horas determinadas, de tédio, de ansiedade, de tristeza, ao submeter a moçada que depende de se mover a mais engarrafamentos ainda que os já rotineiros do caótico trânsito da Capital Mineira, os quais serão inevitáveis pela presença de redutores de velocidade em pista cheia e hora de rush.
Estruturado como é o trânsito de Belo Horizonte, sem transporte público bastante ou com um minguado e de qualidade discutível transporte público, estruturadas como estão a cidade e suas relações econômicas, sociais, trabalhistas etc, estruturados como, em suma, estamos, creio, sinceramente, que não precisamos de mais regras ou radares. Precisamos de transporte rápido, seguro e confortável. Deve ser coletivo e pode ser público, mas deve ser rápido.
Para quê? Para não precisarmos continuar passando 3 horas diárias ou mais em deslocamentos “casa/trabalho e só”. “Casa/trabalho/trânsito/túmulo, e só”. Um trajeto Betim/Belo Horizonte, por exemplo, dependendo da hora, come 2 horas do seu dia. Serão, portanto, 4 de ida e volta. É muito. O Sr. Governador e o Sr. Prefeito deveriam pensar nisso um pouquinho. Ou deveriam morar em Betim, ou em Ribeirão das Neves, sem direito a helicóptero.
Nas atuais circunstâncias, o jeito de minorar minimamente isso, que nos sobra, na contramão da ecologia, é o carro. Já que não se cogita de redução de horários de compromissos e, sobretudo, de trabalho, já que não nos dispensam de comparecer em tantos lugares quase ao mesmo tempo às vezes.
A questão do Anel Rodoviário, a nosso ver é simples. Temos muitos carros e teremos mais ainda, pela falta de transporte público coletivo eficiente que, com certeza, permanecerá enquanto houver indústria do petróleo e do automóvel. O jeito é criar espaço. Não adianta criar regra. O jeito é fazer mais estrada, um segundo anel, uma passagem quase exclusiva para esses caminhões que vêm e vão para o porto. E que não precisam atravessar a cidade. Muito menos cruzar com ou matar nossa querida Vovó que estava só trazendo o bolo.
Será que vão desembolsar algum e fazer essa estrada de desafogamento necessária e urgente? Ou vão preferir gastar nossa paciência com mais uma regrinha, ou furar nosso bolso com mais um radar?!...E continuar discutindo, episodicamente, não raras vezes no frescor do sangue derramado, daqueles incompatíveis na prática daquela via noticienta, se a culpa é municipal, estadual ou federal. Quem viver (longe do Anel Rodoviário de BH) saberá.


- para o "Coletivo Brasil 3000", em 12/02/11

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