CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pistoleiros voltam a aterrorizar assentamento no Pará

29/5/2011 12:39, Por Redação, com Rogério Almeida e colaboradores - de Nova Ipixuna, sul do Pará

José Cláudio foi morto por ser uma das testemunhas do desmatamento no Pará
Pistoleiros voltaram a aterrorizar no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Praialta Piranheira, onde foram executados os dirigentes José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espirito Santo, no último dia 24. Os assassinos voltaram para assassinar testemunhas que os teriam visto. Dois agricultores foram atacados. Um deles foi assassinado e o segundo está desaparecido. Agentes pastorais da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão no local desde o final da tarde deste sábado e encontraram o corpo de Herivelto Pereira dos Santos, de 25 anos, integrante do assentamento, jogado em um matagal. O corpo estava a sete quilômetros do assentamento e a cerca de 100 metros da estrada. Herivelto era uma das testemunhas do caso do homicidio de José e Maria. Ele viu uma moto Bros vermelha sair do assentamento. A mesma moto foi flagrada por outra das testemunhas entrando no local, minutos antes do crime.
Segundo relato de jornalistas locais, dois dias após o duplo homicídio, Herivelto foi fazer compras em Porto Barroso, no lago Tucuruí. Ele seguiu na mesma direção dos suspeitos duplo crime. Desde então não foi mais localizado até a véspera. Como Herivelto era considerado desaparecido, neste sábado, 10 pessoas sairam a sua procura. Encontraram a moto da vítima na estrada, próxima ao corpo, que foi localizado, por volta das 10h, por equipe do Ibama e da Polícia Federal. Segundo a CPT, Herivelto também morreu com um tiro na cabeça e a arma seria do mesmo calibre da utilizada na execução do casal de extrativistas Zé Cláudio e Maria.
A vítima, que praticamente nasceu no assentamento Praialta-Piranheira, era casada e tinha quatro filhos. A família da vítima está assustada e teme retaliações. As polícias Federal e Rodoviária Federal já se encontram no local. Instituto Médico Legal e Polícia Civil estavam a caminho. Este foi o quarto homicídio de trabalhador rural em cinco dias, três deles aconteceram no Pará e outra no Amazonas, desta vez, sem testemunhas.

extraído de: http://correiodobrasil.com.br/pistoleiros-voltam-a-aterrorizar-assentamento-no-para/246452/ em 30/05/11

domingo, 29 de maio de 2011

Líbia: advogados franceses entram com ação contra Sarkozy

TRÍPOLE, 29 Mai 2011 (AFP) -Dois célebres advogados franceses, um ex-ministro, Ronald Dumas, e Jacques Verges, anunciaram neste domingo em Trípoli que entraram com uma ação contra o presidente francês, Nicolas Sarkozy, por "crimes contra a humanidade" na Líbia.
Em coletiva de imprensa, um representante do regime líbio disse que os dois advogados se apresentam como "voluntários" para apoiar uma ação judicial na França contra Sarkozy, interposta pelas famílias das "vítimas dos bombardeios da Otan".

A França liderou a coalizão internacional e da Otan que, amparada em uma resolução da ONU, realiza bombardeios na Líbia contra o regime de Muamar Kadhafi, com o objetivo de proteger a população civil.

Dumas, ex-ministro socialista, declarou-se "estufetato de constatar que essa missão (da Otan), que pretende proteger a civis, os está matando", e denunciou uma "agressão brutal contra um país soberano".

Verges qualificou os países da Otan de "assassinos", e criticou um "Estado francês dirigido por desalmados e assassinos".

extraído de: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5156214-EI294,00.html em 29/05/11

sábado, 28 de maio de 2011

LIVROS EM PDF - ISSO NINGUEM DIVULGA, email retransmitido por leitor.

EMAIL RECEBIDO PELO BLOG EM 26/05/11.
RECOMENDAMOS DIVULGAÇÃO.




"Leitores, estudantes, aproveitem essa oportunidade criada pelo Governo Federal...divulguem aos seus contatos...


LIVROS EM PDF - ISSO NINGUEM DIVULGA

A REDE GLOBO NÃO DIVULGA NUNCA ! ! !
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:

· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis Ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· e muito mais....

Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site: www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Divulgue para o máximo de pessoas!
É MELHOR FAZER PROPAGANDA DOS BBBs E DAS NOVELAS, POIS, O POVO ASSISTE E FICA BURRO, E ASSIM É MAIS FÁCIL DE SER ENGANADO!

VAMOS COLABORAR!!!!!"

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Código e o sangue, por Felipe Milanez


para o Terra Magazine

O casal de extratitivistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados nesta terça-feira (24)
Felipe Milanez
De São Paulo


"Qualquer coisa que eu fale, e qualquer coisa que eu escreva, tem lágrima. Eu acho que a tinta, quando eu to escrevendo, ela é borrada pela lagrima". Pausa. Choro. Lágrimas.

-extraído de: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5149432-EI16863,00-O+Codigo+e+o+sangue.html

E dona Maria continua: "A ousadia. Ela é uma coisa que alimenta, para mim. Alimenta a luta". Mais choro.

Estamos sentados na varanda de sua casa, no assentamento agroextrativista Praia Alta Piranheira. Faz um dia bonito, sol forte, mês de outubro de 2010. A varanda é o "escritório" de Dona Maria, disse o marido seu Zé Cláudio.

Seu Zé Cláudio anda impaciente, enquanto dona Maria está sentada conversando comigo. Ele fica nervoso. Sabe que ela fala. E dona Maria conta as ameaças que eles têm sofrido. Intimidações. Recados. As angústias. Os madeireiros que querem cortar as castanheiras. Os carvoeiros que querem fazer carvão. Os fazendeiros que querem pasto. É mulher forte. E sensível. Está concluindo a dissertação de mestrado - "quero estudar o nosso projeto de assentamento. Quem vem fazer pesquisa aqui, vem e vai, não volta." Ela quer fazer um livro. Porque acha que as histórias devem ficar escritas.


Foto: Felipe Milanez

Ela me disse coisas muito bonitas. Cheia de lágrimas:

"Quando criou esse assentamento, pra mim era uma coisa tão distante. E eu sou do campo. Meu pai era do campo, nunca criou boi, sempre colheu da floresta. Com esse projeto, eu, como liderança dos povos extrativistas, toda a minha trajetória, chegando aqui, essa história de luta que nós estamos construindo aqui dentro. Todas as coisas bonitas. Foi um modelo em 1997. Hoje, contamos com o Conselho Nacional dos Seringueiros e a Comissão Pastoral da Terra. Ninguém mais apóia. Isso foi me angustiando. Surgiu a idéia de escrever um livro. O projeto ta sendo saqueado a cada momento, a biodiversidade está desaparecendo.

Os demais, são só omissos.

Tem que ficar alguma coisa escrita. Não pode eu fazer só o trabalho para universidade. Mas para eu deixar alguma coisa para as futuras gerações. Se você voltar daqui a um mês, ou daqui 10 anos, não importa. O dia que você voltar aqui você vai encontrar as mesmas pessoas, só um pouco mais velhas, já que a cada dia a gente envelhece. Mas a floresta é essa mesma. A idéia é essa mesma."

Seu Zé Cláudio, um bravo guerreiro, estava revoltado com a venda ilegal de madeira: "quem compra?" E se dizia o verdadeiro ambientalista: "por que eu moro na floresta, eu vivo nela, e não vendo."



Foto: Felipe Milanez

O casal foi assassinado na manhã desta terça-feira, por volta das 7:30, a cerca de 8 km de sua casa, enquanto iam para Marabá. Dilma mandou que a Polícia Federal investigasse - mandar a polícia investigar um crime seria necessário se não houvesse uma lei que obrigue a tanto. Mais justo teria sido o Planalto mandar algum representante para acompanhar as investigações, ao local, como foi feito no assassinato da irmã Dorothy Stang.

No mesmo dia do crime, à noite, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do novo Código Florestal.

Na plenária, o deputado Sarney Filho (PV), leu trechos de uma reportagem que escrevi sobre Zé Cláudio (http://www.viceland.com/blogs/br/2010/10/28/ze-claudio-e-a-majestade/). Zé Cláudio dizia amar a floresta, e queria que suas cinzas fossem enterradas junto da Majestade - a linda e imponente castanheira que ainda está de pé, dentro do seu lote. Muitos no plenário se emocionaram. Alguns choraram. Como eu choro quando releio o texto. Como as lágrimas que estão no teclado enquanto escrevo esse texto.

O assassinato do casal poderia tê-los tornado mártires em defesa da floresta. Mas nesse mesmo dia, os representantes da nação preferiam apontar um caminho diferente para o futuro: aquele onde a floresta, se continuar a existir, não terá importância para os brasileiros. Onde a biodiversidade, que tanto encantava seu Zé Cláudio Ribeiro da Silva e dona Maria do Espírito Santo, corre o risco de ser reduzida a pasto e boi. Num campo marcado de sangue.

- Felipe Milanez é jornalista e advogado, mestre em ciência política pela Universidade de Toulouse, França. Foi editor da revista Brasil Indígena, da Funai, e da revista National Geographic Brasil, trabalhos nos quais se especializou em admirar e respeitar o Brasil profundo e multiétnico.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Repórteres da Folha, iG, O Globo e Diário de S. P. são agredidos na Marcha da Maconha, por Izabela Vasconcelos

Os repórteres Felix Lima (Folha.com), Ricardo Galhardo (iG), Márcia Abos (O Globo), Fabio Pagotto e Vinícius Pereira (Diário de S. Paulo) foram agredidos por policiais militares durante a cobertura da Marcha da Maconha, no último sábado (21/5), em São Paulo. A PM jogou spray de pimenta no rosto do jornalista da Folha e danificou seu equipamento fotográfico, enquanto registrava a cena de outra agressão. O repórter estava com o crachá de imprensa, mas mesmo assim não foi poupado.

Pagotto teve o pé machucado, ao ser atropelado por uma moto da corporação. Como desculpa, a polícia disse que o veículo estava sem freio.“Já tinha tomado spray na cara, soco e depois fui atropelado. Foi proposital, eu tenho fotos, testemunhas”, afirmou o repórter fotográfico, que ainda sente dores. “Estou aqui com a perna esticada. Antes tinha desinchado, mas ainda está doendo, vou ter que ir ao médico para ver o que aconteceu", completou.

Seu colega de jornal, o fotógrafo Vinícius Pereira, também foi agredido. "Levei de tudo, desde spray de pimenta à porrada com cassetete", contou.

Ricardo Galhardo, do iG, foi atingido por estilhaços de uma bomba de efeito moral.“Foi um descaso com a imprensa. Mandei um e-mail perguntando o motivo dessa violência e se eles andavam com moto sem freio, mas eles não responderam”, afirmou. O repórter ainda disse que outras perguntas, como o motivo da detenção de um dos manifestantes, também não foram respondidas. O jornalista estranhou o fato de os manifestantes terem sido perseguidos, já que a marcha havia sido negociada com a PM, apenas com algumas restrições.

Márcia Abos, de O Globo, leva da cobertura uma marca roxa no braço, depois que foi atingida pelo escudo de um policial. "Eles foram muito truculentos. Partiam para quem estava na frente. Em todo o momento eu estava com o crachá do Globo e muitos outros jornalistas também estavam identificados", afirmou.

Todos os repórteres registravam a ação da PM, que perseguiu os manifestantes, cerca de 700 pessoas, por 3 km, com balas de borracha e bombas de efeito moral.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que o caso está sendo apurado.

Veja o vídeo da TV Folha com imagens da agressão policial:http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D58779%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D5053645921%26fnt%3Dfntnl

-extraído de: http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D58779%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D5053645921%26fnt%3Dfntnl em 24/05/11

sábado, 21 de maio de 2011

A oligarquia financeira contra Strauss-Kahn, por Adriano Benayon

ou Conspiração não é teoria, é prato de todo dia





Adriano Benayon * – 20.05.2011
A arbitrária prisão de Strauss-Kahn, sem que tenha havido reação de monta da opinião pública mundial, é exemplo emblemático da tirania imperial anglo-americana. Há dois fatores principais a explicar a aceitação ou a indiferença diante de fato de tal gravidade: a desinformação e a covardia.
Os conduzidos pela mídia metem-se a dar opiniões. Aventam várias pretensas explicações, como: o homem teria enlouquecido; era viciado em sexo; os homens não sabem conter a libido etc.
Não pensam nas razões lógicas: 1) Strauss-Kahn foi envolvido em complô, porque incomodava os banqueiros ávidos em sugar, ainda mais, os povos da Europa, esmagados por dívidas suscitadas por esses banqueiros; 2) liderava as pesquisas para a eleição presidencial da França, muito à frente de Sarkozy, instrumento da oligarquia anglo-americana.
A muito poucos ocorre que Strauss-Kahn pode estar sendo submetido injustamente a terríveis humilhações, sofrendo danos morais e materiais, tendo sua reputação destruída, sem ter cometido falta alguma. Linchado publicamente, porque desagradou os concentradores mundiais.
O que também contribui para que tantos descartem o óbvio e o lógico, em favor de julgamentos apriorísticos? Antipatia em relação aos que alcançaram altas posições, quando apanhados em supostos delitos. Chega a haver a exploração demagógica desse sentimento, por parte do sistema de poder - que vive só de injustiças e hipocritamente faz o povo acreditar que nos EUA figurões são punidos, e que o caso indicaria mais uma virtude do sistema de governo desse país.
Entretanto, os membros e servidores mais altos da oligarquia, regiamente pagos fizeram mil fraudes nos bancos, nas agências reguladoras, no FED e no Tesouro dos EUA e não foram punidos, mesmo tendo causado a brutal depressão que dura desde 2008. Essa se traduz na duplicação do número de desempregados, na supressão de benefícios sociais e em mais de dez milhões de pessoas perdendo suas casas para os bancos.
A falsa crença na democracia estadunidense - formada através da lavagem cerebral gigantesca por parte dos formadores de opinião - ignora, por completo, a realidade ali implantada, a saber, o estado policial a serviço da oligarquia.
Vamos aos fatos. Nenhum de nós é Deus para saber – hoje, ou mesmo daqui a meses – se aconteceu o suposto atentado sexual atribuído ao diretor-geral do FMI. Quem quer que afirme ter isso realmente ocorrido não tem base alguma.
Não houve flagrante, o que já basta para demonstrar o absurdo da prisão “preventiva”. Além disso, como apontaram observadores, não é comum uma camareira de um hotel de luxo entrar num apartamento "pensando que estava vazio". Ademais, passaram-se três horas entre o alegado atentado e a comunicação à polícia. Depois de o advogado de Strauss-Kahn ter informado que este deixara o hotel antes do horário alegado, é que a polícia o retificou para uma hora a mais.
O jornal London Evening Standard mencionou, em 18.05.2011, que Strauss-Kahn falara, duas semanas antes, com jornalistas do Libération, de Paris, sobre a possibilidade ser montada contra ele uma armação, em que ofereceriam, para acusá-lo, 500 mil a 1 milhão de euros a uma mulher estuprada num estacionamento, por exemplo.
Ora, como a pretensa vítima não fez queixa imediata? Por que, se Strauss-Kahn estava no hotel, não foi confrontado com a tal camareira e com eventuais testemunhas?
De fato, os EUA tornaram-se um estado policial e, já antes disso, os serviços secretos do País organizaram o assassinato do presidente John Kennedy, em 1963, o de Robert Kennedy, sagrado candidato na Convenção de seu partido (1968), e o do Papa João Paulo I (1978). Procederam, ainda, à implosão das torres gêmeas (2001), quando os aviões com islâmicos foram apenas ingrediente para fomentar o terror no seio da população e “justificar” as agressões ao Afeganistão e ao Iraque.
Ao lado do uso campeante de drogas, da prostituição disseminada, por exemplo, em toda Nova York, combinam-se, há muito tempo, nos EUA, resquícios do puritanismo com um feminismo agressivo e fascista, de tal modo que se tornou corriqueiro mulheres simularem atentados sexuais para obter consideráveis vantagens pecuniárias.
Um conhecido – insuspeito até por não ser crítico consistente do imperialismo anglo-americano - narrou-me fato, vivido em Nova York, quando trabalhou na ONU. Estava com seu diretor, num prédio, aguardando o elevador, quando este parou no andar, nele estando somente uma mulher e de boa aparência. Meu conhecido moveu-se para o elevador, quando seu chefe segurou-o pelo braço. Só depois que o elevador passou novamente, um tanto cheio, os dois o adentraram. Explicou-lhe o diretor: se a mulher resolvesse, ao saírem, atirar-se ao solo e gritar, poderia depois exigir quantia absurdamente alta para retirar queixa de tentativa de estupro.
Atribui-se a Strauss-Kahn ser chegado a conquistas, mas se ele, com 62 anos, até hoje nunca fora acusado de tentar estuprar alguém, é inverossímil que agora o tenha feito com uma camareira de hotel, ao que se diz, pouco atraente. Altamente situado e rico, Strauss-Kahn, não deveria encontrar muita dificuldade em ter amantes. Por fim, não é plausível que se expusesse a um incidente do tipo, mormente sabendo que poderosos interesses preparavam algo contra si.
Já se podem explicitar os motivos para destituir o chefe do FMI que estava transformando a instituição. Antes, relembre-se que só têm sido envolvidas em tais escândalos personalidades que agiram em favor, seja de seu país, seja de outros povos sugados pela oligarquia.
Julien Assange também foi acusado de crime sexual, por duas mulheres, na Europa. Não está preso, mas chegou a ser, na Inglaterra, cérebro do império. Assange não ocupa função pública, nem nacional nem internacional. É o fundador do Wikileaks. O que ele tem em comum com Strauss-Kahn? Ter contrariado a oligarquia financeira.
O mesmo que o ex-Procurador-Geral e ex-Governador do Estado de Nova York, Eliot Spitzer. Este se notabilizou por combater efetivamente as falcatruas dos financistas de sua cidade, grande centro da finança mundial, e se afastou após ter sido acusado de estar com prostitutas.
Vejam este trecho de artigo de Daniel Tencer, publicado em GLOBAL RESEARCH, 28.07.2008 (tradução minha):
“O FED (Reserva Federal) – o órgão quase autônomo que controla a oferta de moeda dos EUA – é um “esquema tipo Ponzi”, que criou bolhas após bolhas na economia dos EUA e precisa tornar-se responsável por suas ações, diz Eliot Spitzer ...
Segundo Ratigan, o FED trocou maus créditos bancários por US$ 13,9 trilhões em dinheiro, que deu aos bancos em apuros. Spítzer construiu reputação como ‘o xerife de Wall Street’, por ter, quando procurador-geral, perseguido seriamente os crimes empresariais, e depois renunciou ao cargo de governador do Estado por causa de revelações de que pagou prostitutas. Spitzer pareceu concordar com Ratigan em que o resgate daqueles bancos representa o maior roubo e a maior ocultação de crime de todos os tempos.”
A desmoralização Spitzer, Assange e agora a de Dominique Strauss-Kahn (DSK) são de grande interesse do sistema de poder tirânico da oligarquia. Desde 1945/46, quando o FMI começou a operar, nenhum de seus diretores foi vítima de escândalo desse tipo. Por que agora DSK o foi? Antes dele todos se tinham mantido dentro da rígida ortodoxia, de o FMI agir inflexivelmente com os países com dívidas infladas por regras e procedimentos fraudulentos.
Ao ser preso, de forma humilhante, dentro do avião em que seguiria para Paris, DSK ia a reunião sobre a gravíssima crise dos países europeus mais afetados pelos desmandos financeiros dos grandes bancos, que levaram esses países a elevadíssimas dívidas públicas.
Fontes bem informadas junto a serviços de inteligência dos EUA indicaram que os maiores banqueiros da Europa estariam por trás da trama contra DSK, pois este se mostrou contrário a impor privatizações e políticas que arrasariam ainda mais as economias dos países endividados, prejudicando-os com danos ainda maiores ao emprego e à produção.
Recomendo aos fluentes em inglês acessar o site “Global Research” e ler o artigo de Paul C. Roberts, de 18.05.2011, “The Strauss-Kahn Frame-up: The American Police State Strides Forward”. Roberts é excelente economista e ocupou alta posição na administração de Ronald Reagan.

Roberts cita, nesse artigo, recentes declarações de Joseph Stiglitz, prêmio Nobel, ex-diretor do Banco Mundial e notável critico dos desmandos que levaram ao colapso financeiro em 2007-2008, bem como declarações do próprio DSK, as quais implicavam sentença de morte para este último, porquanto desnudam a perversidade do sistema financeiro dominante, verdadeira bomba de nêutrons sobre as estruturas produtivas dos países.


Concluindo, a brutal e injustificável prisão de Strauss-Kahn constitui marco decisivo na questão de se a oligarquia anglo-americana continuará desfrutando de seu poder tirânico sem objeção efetiva de quem quer que seja. O processo na “Justiça” norte-americana é do gênero prenunciado, há mais de cem anos, por Franz Kafka, na obra “Das Prozess”, e uma reedição dos processos da tirania nazista.
Os franceses, inclusive de outros partidos que não o de DSK, deveriam insurgir-se contra a absurda detenção do diretor-presidente de uma instituição financeira internacional, o FMI, que tem todo direito a imunidades semelhantes às diplomáticas, e só está nos EUA, por ter essa instituição sede ali.
Aliás, todos os países deveriam retirar seus diplomatas e funcionários da ONU em Nova York, por falta de garantias para estes exercerem livremente suas atividades. Os latino-americanos, além disso, teriam de retirar seus diplomatas também da OEA, sediada em Washington, DC.
Deveria haver intensa campanha na França, por parte dos verdadeiros socialistas e dos reais amantes da liberdade, para exigir a liberação de Strauss-Kahn e para insistir em que ele seja candidato, capaz que é de derrotar Sarkozy. A exposição do golpe - e de quem lucra se esse golpe policialesco tiver êxito – contribuiria para a vitória eleitoral de DSK.
Vejamos se há gente dotada de coragem e de decência ou se vai prevalecer a covardia, somada aos interesses dos rivais e de grupos que não desejam DSK à frente da França.
Em tempo: Strauss-Kahn foi liberado, sob pagamento da fiança no valor de US$ 1,6 milhão, pouco depois de ter renunciado ao cargo de diretor-geral do FMI. Antes, havia sido rejeitado o pedido nesse sentido. Não terá sido a renúncia ao cargo, a condição para poder responder ao processo em liberdade?
* - Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. abenayon@brturbo.com.br
Publicado no Diário da Liberdade
Publicado no Alerta Total – Jorge Serrão

recebido para publicação em 21/05/11

sábado, 14 de maio de 2011

Michael Moore: “A América não está falida”

Discurso proferido por Michael Moore, no dia 5 de Março, durante uma manifestação em Madison, Wisconsin, contra as medidas anti-sociais que atacam os direitos dos funcionários públicos, propostas pelo governador republicano Scott Walker.
ARTIGO | 9 MARÇO, 2011 - 09:22



Décimo oitavo dia de protesto em Madison, Wisconsin. Foto de Sue Peacock, Flickr.

Michael Moore participou no décimo oitavo dia de protesto em Madison, Wisconsin, contra as medidas anti-sociais que prevêem, entre outros, que os trabalhadores públicos paguem mais pelo seu plano de saúde e descontem mais para o sistema de pensões e que enfraquecem os direitos colectivos.
Este foi o discurso de Michael Moore:

“Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos vossos netos, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e portfólios dos hiper mega super ricos.
Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.
Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos triliões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, acções e propriedades, o que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.
Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de facto, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.
Nunca frequentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não cresce em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam. O dinheiro aparece quando há um sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam o seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de facto só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia.
A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está a arrecadar menos. Todos estamos a sofrer, como efeito do que os ricos fizeram.
Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são:
1) os EUA estão falidos,
2) há armas de destruição em massa no Iraque; e
3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.
A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dia, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é vosso. Então, compraram e pagaram a centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, para o caso de o golpe não dar certo, já cercaram os seus condomínios de luxo e mantêm-se abastecidos, prontos para decolar, os jactos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca chegue, o dia em que os norte-americanos exigiriam que o seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:
1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, conseguiram habilidosamente convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram -vos com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havai, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Óscar, algum dia!
A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado para o trilho, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.
2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição económica em massa, em Setembro de 2008, nós assustámo-nos quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou a sua ameaça-chantagem: Ou entregam triliões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem o dinheiro, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borrámos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só para vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!”.
Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá entregavam, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bónus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta.
Até que... COMEÇOU! Em Wisconsin!
Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin!
Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando!
A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!” Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exactamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor. Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo. Queremos de volta os Estados Unidos da América.
Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América!
Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egipto está a fazer lá. E o Egipto faz, lá, um pouco do que Madison está a fazer aqui.
E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.
Obrigado, Wisconsin. Vocês fazem com que as pessoas vejam que temos agora a última hipótesede vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos.
Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas: Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!
Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais.
Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que deixou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe dêem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O'Hare. A que fundo do poço chegámos!
Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-tecto...
Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar destruir-nos, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.
Os media não entendem o que está a acontecer, muita gente nos media não entende.
Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egipto, que não previram o que estava por acontecer. Agora, surpreendem-se e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando um inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal... houve eleições em Novembro, todos votaram... O que mais podem desejar?!”. “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”
O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos.
Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!
Coragem, Madison, força! Não desistam!
Estamos com vocês. O povo, unido, jamais será vencido”.

5/3/2011, MichaelMoore, “As três mentiras”, Madison, Wisconsin
Traduzido pela Vila Vudu.
-extraído de: http://www.esquerda.net/artigo/michael-moore-%E2%80%9C-am%C3%A9rica-n%C3%A3o-est%C3%A1-falida%E2%80%9D em 14/05/11

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Movimento Sindical Americano, por Mateus Alves da Silva

- para o Coletivo Brasil 3000, em 13/05/11



foto DARREN HAUCK/REUTERS




O problema de se ter a atual imprensa funcionando como funciona é correr o risco de não saber determinadas coisas e saber outras em excesso.
Talvez poucos saibam, por exemplo, que Madison, Capital do Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos da América, foi cerca de mês atrás palco de importante manifestação social da civilização ocidental moderna.

Explico.

Nada menos que durante quatro semanas, centenas de funcionários públicos e estudantes ocuparam pacificamente o saguão do Capitólio (sede do Governo de Wisconsin), no prédio rodeado por milhares de outros manifestantes, para protestar contra leis aprovadas por maiorias republicanas, que violentavam o sindicalismo do setor público. Paralelamente, aliás, o mesmo protesto estendeu-se a Harrisburg, capital da Pensilvânia, Richmond, na Virgínia, Boise, em Idaho, Montpelier , em Vermont, e Columbus, em Ohio, além de Los Angeles, São Francisco, Denver, Chicago, New York e Boston, onde as pessoas foram às ruas manifestar apoio aos chamados insurgentes de Madison, Wisconsin .





Curioso, aliás, o mote usado: “walk like an egyptian” (ande como um egípicio - título de hit musical dos anos 80), nítida influência do momento político mundial.

A importância desses protestos é manifesta, bastando dizer que estão sendo chamados de despertar do sono da imobilidade e da despolitização da classe trabalhadora estadunidense (conceito para nós tão estranho quanto o nome) após um sono de 75 anos, como em artigo de Rick Fantasia, professor de Sociologia no Smith College de Northampton, Massachusetts, publicado no Le Mond Diplomatique Brasil de abril/2011.



foto DARREN HAUCK/REUTERS


Segundo tal artigo, as manifestações foram desencadeadas pelas medidas que, tendo como pano de fundo cortes de orçamento falsamente em crise, na prática, privavam os servidores públicos de direitos sindicais, como o de negociação coletiva. Foram, ademais, desencadeadas pelo Governador de Wisconsin, Walker, ligado ao Tea Party, facção republicana de ultradireita, cuja campanha teve patrocínio da família Koch, das mais ricas do planeta e com membros antissindicais notórios, como David e Charles Koch, em momento no qual o setor público é praticamente a última reserva de campo de atuação sindical naquele país. Basta ver que no setor privado a participação de trabalhadores em sindicatos decaiu dos 33% de 1950 para os 7% atuais, após a manifesta adoção de medidas como terceirização do trabalho e desindustrialização de fábricas sindicalizadas.

Para minar o sindicalismo público, a legislação aprovada previa entre outras coisas a necessidade de eleição anual para se aferir a representação do sindicato, o fim da contribuição sindical automática e a limitação severa dos pontos passíveis de negociação coletiva, mantendo integralmente apenas a negociação salarial, mas, ainda assim, sem possibilidade de vinculação com a inflação.

A importância do sindicalismo americano, tão pouco freqüente em nossas notícias, decorre de ser, naquele país, mínima a regulamentação estatal de direitos sociais, ficando, portanto, a grande maioria dos trabalhadores, sobretudo braçais e não profissionalizados, na quase total dependência das negociações coletivas, para contar com um plano previdenciário decente, uma assistência médica digna, férias, licença maternidade etc. Só no Estado de Wisconsin, o sindicato dos servidores públicos congrega 300 mil pessoas.



Foto de Sue Peacock, Flickr.


Na mira das medidas tomadas pelos governadores achavam-se os professores de escolas públicas, trabalhadores de serviços municipais, médicos, motoristas, escrivães, funcionários de universidades e repartições jurídicas, policiais, bombeiros, notória base democrata.

Vale lembrar que tais medidas são acompanhadas de diminuição de impostos de empresas e das cobranças sobre as rendas dos ricos, cortes no crédito destinado aos mais pobres e aumento dos impostos para o funcionalismo. Cinicamente, Walker excluiu de tais medidas antissindicais as corporações dos bombeiros e dos policiais, categorias apoiadoras manifestas de sua candidatura.

Quatorze senadores democratas do Congresso Estadual apoiaram o movimento, ausentando-se do Estado para impedir o quorum de aprovação do projeto da lei sem serem forçados legalmente a participar da sessão. Permaneceram no vizinho Illinois por 3 semanas, inalcançáveis pelas leis de Wisconsin e pela sua polícia, aliás já acionada para monitorá-los caso retornassem.



Foto: AP

Quando retornaram, após a sessão, foram recebidos como heróis, aplaudidos por mais de 150 mil trabalhadores dos setores público e privado. O movimento do Wisconsin 14, de sair do Estado para impedir a votação, como ficou conhecido, foi repetido por legisladores democratas em Indiana

Tais manifestações foram seguidas de chamadas para greve geral e de petição para cassação de mandatos de oito senadores republicanos.

Pesquisas seguidas mostraram que entre 60% e 70% da população americana apóiam os sindicatos e os direitos coletivos de negociação, sendo que houve um retrocesso, nos estados da Flórida e Nova Jersey, das posturas ofensivas aos direitos sindicais anunciadas. O fato transformou-se, em suma, em questão nacional, talvez de dimensão parecida com a dos Direitos Civis em décadas passadas.

Por aqui, no entanto, quase não se teve notícia disso tudo. Nossa imprensa funciona como se houvesse somente cinco ou seis assuntos no mundo, os de sempre apontados pelas agências. Que vão, em grau de importância para nossas vidas, do Casamento do Papa João Paulo II, à morte da princesa inglesa ou à beatificação de Osama Bin Laden. Ou como quiserem.

O resultado disso pode ser que ela própria, a imprensa, qualquer dia desses se surpreenda com a profusão de coisas que de fato ocorrem. Fora do comando das agências de notícias, é claro.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

E se a execução de Bin Laden for mais uma grande farsa?, por Pedro Porfírio.

EUA se serviram da sua imagem de super-terrorista para increntar suas guerras

"Até agora, recebi três telefonemas de árabes certos de que os americanos só mataram um dublê de Bin Laden. E caberá à própria al-Qaeda esclarecer isso. Claro que, se estivermos errados e o morto for mesmo um dublê, em breve veremos surgir uma nova fita de ameaças do verdadeiro Bin Laden - e o presidente Barack Obama vai perder as próximas eleições".
Robert Fisk, colunista do jornal "The Independent" de Londres.

Obama acompanhou a execução de Osama em tempo real. A foto o mostra como figura secundária no ambiente do poder.

A execução de Osama Bin Laden, o "terrorista", ainda é uma hipótese. É tão provável como a suspeita de que Barack Obama, o presidente que teve de publicar sua certidão de nascimento para provar que é norte-americano, protagoniza uma grande farsa. Algo semelhante à montagem de 11 de setembro, sobre a qual há farta documentação mostrando o envolvimento do próprio governo dos EUA.

Pela variedade contraditória das versões conhecidas, têm razão os leitores do UOL, que fez uma enquete a respeito. Quando 19.864 pessoas já haviam se manifestado, 70,89% disseram não acreditar na morte de Bin Laden. Isso antes da Casa Branca se desmentir seguidamente sobre detalhes do episódio. E de Obama confirmar sua disposição de não divulgar as fotos da operação.

Mentiras causam desconfiança geral

A sequência novelizada dessa execução raia ao ridículo. Dizer que jogaram seu corpo ao mar para cumprir ritual muçulmano é de um primarismo grosseiro. Primeiro, porque a última coisa que se poderia esperar dos Estados Unidos seria esse tipo de preocupação religiosa depois de uma eliminação encomendada, que impede todo e qualquer esclarecimento. Depois porque, como disseram todos os conhecedores do islamismo, essa desculpa é uma grande balela.

Mais estranho, que soa como "queima de arquivo", foi a ordem de execução sumária, violando todo o discurso jurídico do Ocidente. Osama estava desarmado e podia muito bem ser preso e levado a julgamento, como aconteceu com Sadan Hussein. Por que será que Obama abriu mão de tê-lo como um super-prisioneiro?

Uma farsa ensaiada pelos dois lados

Até fatos novos que me desmintam, fico com a possibilidade da farsa e vou mais além, com todo o risco que isso representa: foi uma "jogada ensaiada" com a participação de ambas as partes.

Osama Bin Laden, um dos homens mais ricos da Arábia Saudita, foi uma invenção da CIA, na década de 80 e a ela se manteve ligado até hoje. Sua última contribuição como aliado foi o envolvimento na tentativa de derrubar Kadhafi, nas Líbia.

Vídeo sobre a verdadeira relação entre o milionário saudita e os presidentes dos Estados Unidos, narrado em espanhol, você poderá encontrar no meu próprio blog. No mesmo blog, ao pé desta matéria, há informações sobre como a CIA fez dele o seu principal homem no mundo muçulmano.

Uma ameaça aos EUA, por favor!

Se você se der ao trabalho de aprofundar o conhecimento da realidade norte-americana, verá que a queda da União Soviética e dos países da Europa socialista, bem como a guinada da China para uma economia de mercado, causaram profundos impactos estruturais na antiga potência.

Desde o início da "guerra fria" iniciada por Henry Truman, o complexo industrial-militar tem sido o eixo central da atividade produtiva americana. À falta da bipolaridade confrontal, da manipulação da "ameaça comunista", os Estados Unidos entraram num vácuo sem solução a médio prazo. Esse trauma é mostrado com humor no filme Operação Canadá, dirigido por Michael Moore, o mesmo que assinou o documentário Fahrenheit 11 de Setembro, em que desmonstra o envolvimento do governo dos EUA no atentado.

Como nasceu o aliado

Os Estados Unidos tornaram-se aliados dos fundamentalistas islâmicos para derrubar o governo do Partido Democrático do Povo do Afeganistão, que assumiu em 1978 com uma proposta de reforma agrária, reconhecimento dos direitos trabalhistas e igualdade para as mulheres, ligando-se à vizinha União Soviética.

Os chefes religiosos e tribais não aceitaram essas idéias e mobilizaram homens com apoio financeiro da Arábia Saudita e Estados Unidos, levando o governo de Cabul a pedir ajuda à União Soviética, que invadiu o país numa desastrada operação de guerra que pesou muito na sua própria dissolução.

Em 1986, o chefe da Central Intelligence Agency (CIA), William Casey, autorizou uma proposta de recrutamento mundial de fundamentalistas islâmicos para se juntarem à "Jihad" (Guerra Santa) no Afeganistão contra as tropas da União Soviética que tinham invadido o país.

Cem mil fanáticos islâmicos deslocaram-se então para o Paquistão, de onde eram enviados ao Afeganistão. Desses, 40 mil foram mobilizados para os combates e os restantes 60 mil frequentaram escolas corânicas para reforçarem as suas convicções e os seus conhecimentos religiosos.

Em 1988, orientado pela CIA, Bin Laden formalizou a criação da Al Qaeda (A rede) que passou a ser influente com a queda do governo progressista. Em 1992, o grupo deu o suporte para o Talibã, movimento que se enraizou entre os jovens da etnia pachtun (que se espalha entre o Afeganistão e o Paquistão) e este assumiu o poder em 1996, de onde só saiu em 2001, depois do 11 de setembro.

Um mito que servia a todos

Ao contrário do que maginavam os norte-americanos, o Al-Qaeda abriu frentes no mundo muçulmano (e fora dele) com estruturas autônomas. As informações sobre a verdadeira história do atentado às torres gêmeas provocaram um grande desgaste para Bin Laden, que passou o comando do grupo a um coletivo e foi mantido vivo não apenas pela proteção da rede, mas também por decisões de Bill Clinton e George W. Bush, como mostra o vídeo que postei no meu blog.

Para os nacionalistas e/ou fundamentalistas islâmicos, a preservação do mito ajudava a fomentar sua expansão, embora ele pessoalmente tenha estado "fora de combate" há muitos anos, dedicando-se ao tratamento de saúde, com recurso à hemodiálise.

Para o complexo industrial-militar, a sua existência era um bom pretexto para os eleados gastos com a guerra no Afeganistão, onde os Estados Unidos têm hoje mais de 100 mil soldados. Essa guerra já custou mais de US$ 1 trilhão ao seu combalido tesouro: um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso americano revelou que só no ano fiscal de 2010 o governo Obama destinou US$ 330 bilhões a essa aventura, alimentada basicamente junto à opinião pública pela idéia que era lá que se refugiava o seu inimigo público número 1.

Guerras sob encomenda da indústria bélica

Conflitos como o do Afeganistão acabaram ajudando a consolidar, na última década, uma imponente indústria bélica que movimenta cifras extraordinárias, com a venda de armas, veículos, instrumentos e serviços.

Um documento divulgado em junho de 2010 pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri) revelou que só em 2009 os gastos militares em todo o planeta chegaram a aproximadamente US$ 1,531 trilhão de dólares, garantindo uma grande margem de lucro às empresas privadas do setor. O valor representa um aumento de 5,9% em comparação aos gastos de 2008, e um salto de 49% desde 2000.

Com a entrada dos Estados Unidos na guerra do Afeganistão, após os ataques de 11 de setembro de 2001, o setor militar do país voltou a ficar em evidência. "Há um foco maior no suporte às operações de guerra e à compra de equipamentos para forças terrestres", afirmou Michael O'Hanlon, ex-analista do Congresso para assuntos orçamentários e pesquisador sobre estratégia militar da organização independente Brookings Institution, em matéria publicada pela revista VEJA, que diz ainda:

Parte imprescindível da política externa dos EUA, a indústria bélica é prioridade financeira do governo americano. Especialistas explicam que é comum ainda o intercâmbio de funções: quando militares de alta patente se aposentam, podem assumir um lugar nos conselhos de administração de empresas do setor bélico, e empresários desse ramo também stão no topo do poder político.

Tesouro não aguenta mais despesas

O'Hanlon nega, no entanto, que o governo lucre com os negócios. "As guerras são responsáveis por grande parte do nosso déficit, que gira em torno de um trilhão de dólares", justifica.

O problema é que o governo norte-americano esgotou sua capacidade de financiar a indústria bélica e a população já se mostra contrária ao envolvimento dos EUA no Afeganistão, com sucessivas quedas nos índices favoráveis. As previsões do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, é que até o próximo dia 16, o país vai estourar sua capacidade de endividamento, que é de US 14,3 trilhões.

Como o Congresso resiste à proposta de ampliar essa margem, Obama ordenou medidas excepcionais de emergência. Um freio nos gastos de guerra é inevitável. A "morte de Bin Laden" veio a calhar. E pode até ser que, com ela, o presidente, com mais 11 pontos na aprovação do seu governo e a sinalização de uma marcha-a-ré militar, ganhe fôlego para uma moratória interna. Isso é mais preponderante do que a melhoria de sua posição em relação à sucessão presidencial, que acontecerá somente daqui a 17 meses.

Por todas as razões acima, insisto em que todas as hipóteses sobre a estranha "execução" de Bin Laden são admissíveis.

Daí ser mais prudente esperar o seu desdobramento.

Importante: Veja os vídeos sobre Obama e a CIA postado no blog www.porfiriolivre.info

recebido em 05/05/11

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Al Qaeda promete um ‘inferno nuclear’ após a morte de bin Laden, por Redação do Correio do Brasil, com agências internacionais

2/5/2011 14:30, Por Redação, com agências internacionais - de Islamabad


Líderes do Talebã passam a integrar o comando da al Qaeda
A partir desta segunda-feira, a al Qaeda passa a ser comandada por um colegiado de altos comandantes que já estava definido desde muito antes da morte de Osama bin Laden, assassinado nas primeiras horas deste domingo, em ataque de forças especiais do Paquistão e EUA, em Abbottabad, cerca de 65 quilômetros ao norte de Islamabad, capital paquistanesa.
O assassinato de bin Laden, aos 54 anos, cuja cabeça valia prêmio de US$ 50 milhões, marcará, segundo informantes da organização ao jornal na internet Asia Times Online, o início da transferência do teatro de guerra, do Afeganistão para o Paquistão, além de novas ações armadas contra os Estados Unidos.
Contatos do diário com sede em Bangkok, na área tribal do Waziristão do Norte – celeiro de militantes do Talebã – confirmaram que já houve várias reuniões na cidade de Mir Ali, para formular estratégias. Todos confirmaram imediata ação de retaliação contra o Paquistão e o fim de todos os acordos de cessar-fogo firmados com os militares paquistaneses e ainda vigentes. Os EUA procuraram por Bin Laden, sempre sem sucesso, desde que ele deixou o Afeganistão, quando os EUA invadiram o país, em 2001, para guerra de extermínio contra o Talebã, em retaliação pelos ataques do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque e Washington. Bin Laden e a al-Qaeda planejaram aqueles ataques, durante o tempo que viveram como hóspedes dos Talebã.
– Posso informar ao povo dos EUA e do mundo, que os EUA executaram operação que matou Osama bin Laden – disse da Casa Branca o presidente Barack Obama.
O comandante-em-chefe dos exércitos dos EUA acrescentou:
– Houve troca de tiros, antes de matarem Osama bin Laden e assumirem a custódia do cadáver.
Obama prosseguiu:
– A morte de bin Laden assinala o mais importante feito de nossa nação, até o presente momento, em nossos esforços para derrotar a al-Qaeda.
Há notícias de que também foram assassinados um dos filhos de bin Laden, duas de suas esposas e vários auxiliares, no ataque que incluiu helicópteros armados com metralhadoras. O assassinato de bin Laden foi confirmado pela inteligência do Paquistão. O tenente-general Ahmad Shuja Pasha, diretor-geral do Inter-Services Intelligence (ISI), disse que a inteligência do Paquistão sabia do plano e participou de todo o processo.
Os EUA puseram em alerta todas as embaixadas no mundo e avisaram os cidadãos, da possibilidade de haver retaliações. Esses alertas confirmam informações que Asia Times Online obteve de várias fontes, segundo as quais o assassinato de bin Laden provocará o reinício de ações do terrorismo internacional contra capitais do ocidente, suspensos desde o início da grande revolta árabe de 2011.
No final do mês passado, Bin Laden avisou que a al-Qaeda desencadearia um “inferno nuclear” se ele fosse capturado, segundo telegramas diplomáticos secretos publicados por WikiLeaks. Obama disse que a CIA sabia desde outubro de 2010 que estava mais próxima de encontrar a trilha que a levaria a bin Laden, e que o alvo já aparecia nos radares da inteligência desde o início de 2011, notícia inúmeras vezes divulgada pelo Asia Times Online:
“Depois de prolongada pausa, a CIA-EUA reiniciou várias operações clandestinas nas montanhas escarpadas do Hindu Kush, pelo Paquistão e Afeganistão, seguindo uma repentina onda de informes de que Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, andaria pela área, indo e vindo nas últimas semanas, para várias reuniões de alta cúpula em redutos dos militantes”
Os próximos passos
A partir dos levantes populares no Oriente Médio e Norte da África, bin Laden entrou em ação, para construir uma frente unida dos quadros islâmicos do Paquistão e do Afeganistão, na batalha afegã contra os EUA. Por isso, viajou recentemente ao Afeganistão, para reunião com Gulbuddin Hekmatyar, o legendário comandante mujahid afegão e fundador e chefe do partido político e grupo paramilitar afegão Hezb-e-Islami, e vários outros altos comandantes jihadis. Acredita-se que se tenha deslocado há cerca de dez dias para Abbottabad, de onde estaria às vésperas de sair, várias fontes informaram ao Asia Times Online.
As mesmas fontes dizem que o conselho (shura) de comandantes da al-Qaeda passou automaticamente a comandar a organização, até que, adiante, escolha-se outro comandante. Há à espera uma nova geração de comandantes, entre os quais Sirajuddin Haqqani, Qari Ziaur Rahman, Nazir Ahmad e Ilyas Kashmiri, que se uniram à al-Qaeda.
Ao longo dos últimos anos, bin Laden já se convertera mais em figura popular icônica e deixara a função de comandante de guerra – muitas ações já estavam entregues ao comando de seu representante, Dr. Ayman al-Zawahiri, egípcio, e a outros ideólogos. Por tudo isso, nada autoriza a pensar que haja alguma modificação importante nos processos e mecanismos operacionais.
Consideradas as informações e os muitos contatos que esse jornal mantém com líderes da al-Qaeda, não temos qualquer dúvida de que a Operação Osama bin Laden marca a transferência do principal teatro de guerra, que sairá do Afeganistão e invadirá o Paquistão; e que todos os esforços já empreendidos para reconciliar os militantes paquistaneses e o governo do Paquistão voltarão à estaca zero. A partir de agora, a al-Qaeda, fundada por bin Laden, passará a ter como inimigos declarados, além dos EUA, também todo o establishment militar paquistanês.

extraído de: http://correiodobrasil.com.br/al-qaeda-promete-um-inferno-nuclear-apos-a-morte-de-bin-laden/234783/ em 04/05/11

Mataram Osama bin Laden?,por Stella Calloni

Bin Laden foi assassinado por forças especiais dos EUA no Paquistão

4/5/2011 11:54, “América pode fazer o que quiser. Essa é a história de nosso país. Somos uma nação sob Deus, indivisível com liberdade e justiça para todos”, essa foi a mensagem fundamentalista do presidente Barack Obama, ao anunciar que Osama bin Laden havia sido assassinado por tropas estadunidenses que atuaram sem prévia autorização do governo do Paquistão, o país onde realizaram sua operação ilegal.

Bin Laden foi assassinado por forças especiais dos EUA no Paquistão
A sigilosa operação, que demandou mobilizar helicópteros e tropas, foi realizada na localidade de Abbottabad, uns 50 km da capital paquistanesa, segundo explicou o presidente Obama e precisou que havia durado 40 minutos e que morreram quatro pessoas, dois colaboradores de Bin Laden e um filho do líder fundamentalista.
Obama também havia dito que suas tropas tinham o cadáver que, segundo os informes, registrava um balaço na cabeça – tiro de graça- e que havia detido duas mulheres e alguns de seus filhos que, que, possivelmente, ninguém sabe onde estão, como os detidos-desaparecidos em Guantánamo ou em qualquer de suas prisões secretas, que conformam uma das maiores violações aos direitos humanos.
Porém, nessa “manhã, meios estadunidenses anunciaram que o cadáver de bin Laden ‘foi jogado ao mar’, assinalando que” a Operação levada a cabo por um comando especializado, foi planejada e realizada no maior segredo e o governo paquistanês não foi informado até depois de que o mesmo tivesse acontecido” (Telam, 3 de maio de 2011 e outras agências).
“O corpo do chefe de Al Qaeda foi retirado da residência em um helicóptero e sepultado em alto mar, seguindo os ritos muçulmanos, informaram fontes oficiais estadunidenses”, em um final especial de novela de terror.
As “cuidadosas” tropas dos Estados Unidos, especializadas em todo tipo de torturas que, Bush justificou publicamente, “sepultaram” no mar a Bin Laden, cumprindo nada menos do que um “rito” muçulmano. Qualquer simples inspetor de polícia suspeitaria desse final.
O atropelo da legislação internacional no Paquistão é mais evidente e responde àquele anúncio apocalíptico de George W. Bush, em 2001, onde declarava ao mundo unilateralmente a “guerra preventiva, sem final e sem fronteiras”, anulando, em sua perspectiva – hoje resgatada por Obama – a soberania de todos os países do mundo.
Foi dito que bin Laden resistiu ao ataque durante uma hora antes de ser abatido pelas forças de elite estadunidenses e, segundo informou a cadeia CNN, a “missão do comando era a de matar ao líder da al Qaeda e não de prede-lo” (Telam 2/5/11). Por seu lado, a Comissão Europeia (CE) considerou que sua posição “favorável” à morte de Osama bin Laden pelas forças estadunidenses “não contradiz os valores e princípios da União Europeia (EU), que advoga pela liberdade, pela democracia e pelo fim da pena de morte em âmbito mundial”.
E continua, “não é a execução de uma sentença de morte. Continuaremos contra a pena de morte no futuro”, como declarou a porta voz comunitária, Pia Ahrenkelde, ao ser interrogada a respeito em conferência de imprensa, segundo um cabo da agência mexicana Notimex (2/5/11).
Porém, por suposto, alinhada, quase colonizadamente, com Washington, a CE rematava que “sem dúvida, sua morte está dentro do contexto dos esforços globais para erradicar o terrorismo” e sua porta voz considerou que isso “faz com que o mundo em que vivemos seja mais seguro, apesar de que não significa no fim do terrorismo”.
Esqueceu de mencionar também que em outro lugar chamado Líbia, haviam sido mortos um filho e os netos de um governante e a centenas de pessoas mediante bombardeios absolutamente ilegais, porque a missão da ONU, também ilegal porque foi atuar sem esperar os relatórios da situação e sem analisar a presença de estrangeiros em território líbio, era “a exclusão aérea” para evitar bombardeios que atingiam à população civil”.
Me atreveria a assegurar que ninguém sabe ao certo que o cadáver com um disparo na cabeça que deforma os traços ao ponto de torná-los irreconhecíveis seja de bin Laden. E se o atiraram ao mar, será impossível sabê-lo.
Como têm mentido constantemente, inclusive com a verdadeira gênese da queda das Torres Gêmeas, em setembro de 2001, temos todo o direito de colocar em dúvida, mesmo que Washington diga que o DNA certificou que é bin Laden.
Mentiram descaradamente para invadir e ocupar o Iraque; mentiram da mesma maneira sobre a suposta grande rebelião popular contra Muammar Gaddafi, na Líbia, já que em seguida, por confissão própria de Obama e de acordo com The New York Times, agentes da CIA foram deslocados no final de 2010 na Líbia “para contatar aos (supostos) rebeldes e guiar os ataques da coalizão” (30/3/11). De acordo com o diário “os membros da central de inteligência estadunidense haviam sido transportados há várias semanas ‘em pequenos grupos’ em terras líbias, com a missão de estabelecer ‘contato’ com os rebeldes e determinar ‘alvos’ das operações militares”. Dezenas de membros das forças especiais britânicas e de agentes de espionagem M16 trabalham na Líbia”, informa o diário, recolhendo informação sobre as posições e movimentos das forças leais a Gaddafi”. Agrega que “os empregados da CIA são um número não conhecido de funcionários estadunidenses do serviço secreto que trabalham em Trípoli ou chegaram recentemente”, cita um artigo de Patria Grande, tomando como fonte ao The New York Times (socialista@yahoogroups.com, 3 março de 2011).
A novela de terror da “guerra antiterrorista”, cujo mando está em mãos dos maiores terroristas que a humanidade conhece, sem freios, sem respeito nenhum aos direitos humanos estabelecidos, que acabaram com a credibilidade que alguma vez tiveram as Nações Unidas, ao mesmo tempo em que perpetraram com argumentos falsos o primeiro genocídio do Século XXI – mais de um milhão de mortos em condições atrozes no Iraque e no Afeganistão, que ninguém julga -, continua crescendo a cada dia.
Nunca tão similar essa doutrina do império às “fronteiras seguras”, por meio das quais Adolfo Hitler ameaçava a uma boa parte do mundo, desconhecendo soberanias e direitos internacionais. Novamente estamos ante uma enorme operação publicitária de Washington na que os Estados Unidos tentam conseguir que a atenção pública se desloque de sua brutal e recente operação na Líbia, matando crianças.
Para isso, nada melhor do que colocar em cena, da mesma maneira que Hitler em pleno auge do nazismo, quando convocava ao povo alemão, submisso à sinistra desinformação, planejada como uma arma de dominação e paralisação dessa população, por Joseph Goebbels, hoje multiplicado por milhares de seus imitadores, que o superaram em mãos da ditadura global da desinformação.
Por suposto, no anúncio com estrondo de que, finalmente, após 10 anos, mataram a bin Laden, não recordaram que esse havia sido –e ninguém sabe se continuava sendo- um homem ligado à CIA, que, sob esse comando criou aos chamados “talebãs” de al Qaeda, para combater com guerrilhas apoiadas pelos Estados Unidos aos soviéticos no Afeganistão, em tempos da Guerra Fria.
Bin Laden e sua família foram sócios de grandes negócios da família Bush e essa história foi magnificamente contada pelo cineasta estadunidense Michael Moore.
A incógnita sobre a verdade desses fatos nos acompanhará sempre ou por algum tempo, o suficiente para que seja um fato consumado a invasão de todos os países que o império deseje ocupar, sob e mandato de que “América pode fazer o que queira”, mesmo que seja acabar com a humanidade.
Stella Calloni – Jonalista e escritora argentina.

extraído de http://correiodobrasil.com.br/mataram-a-osama-bin-laden/235592/

Bin Laden: EUA usaram "afogamento simulado" por informações

03 de maio de 2011 • 22h28 • atualizado em 04 de maio de 2011 às 01h10
Obama fez os últimos ajustes no discurso antes do pronunciamento na televisão em que detalhou a morte de Bin Laden

Foto: Pete Souza/Casa Branca/Divulgação


Reduzir Normal Aumentar Imprimir As informações obtidas pelos detidos nas prisões secretas da CIA mediante a polêmica técnica de "afogamento simulado" (waterboarding, em inglês) ajudou a traçar o plano que acabou com a vida de Osama bin Laden, admitiu nesta terça-feira o diretor da agência de Inteligência americana, Leon Panetta.

Em entrevista à rede de televisão NBC que será transmitida nesta terça-feira, mas que já teve trechos antecipados, o diretor ressaltou que as pistas que levaram os serviços de Inteligência a encontrarem o esconderijo do líder da Al-Qaeda vieram de "muitas fontes", e não só dessa técnica de interrogatório. "Neste caso, as técnicas de interrogatório coercitivas foram usadas contra alguns desses prisioneiros. Quanto ao debate sobre se poderíamos ter obtido as mesmas informações por outros meios, acho que esta sempre será uma questão em aberto", indicou.

Perguntado se nessas "técnicas de interrogatório coercitivas" se incluía o afogamento simulado, Panetta respondeu: "correto". Os críticos do "afogamento simulado" a classificam como tortura. O "afogamento simulado" consiste em amarrar um pedaço de pano ou plástico na boca do prisioneiro e, em seguida, derramar água sobre seu rosto. O detido começa a inalar água rapidamente, causando a sensação de afogamento.

O diretor da CIA, que em breve irá substituir Robert Gates na chefia do Departamento de Defesa, esclareceu que as ordens do presidente Barack Obama na operação exigiam a morte de Bin Laden, e não apenas capturá-lo. "Isso estava claro. Mas também estava, como parte das regras da operação, que se ele de repente levantasse as mãos e se rendesse, então teríamos a oportunidade, obviamente, de capturá-lo. Mas essa oportunidade nunca foi apresentada", explicou.

Panetta ressaltou, além disso, que o governo paquistanês "nunca soube nada sobre esta missão", pois os Estados Unidos a classificaram como "missão unilateral". "O presidente Obama tinha deixado muito claro aos paquistaneses que, se tivéssemos provas sólidas de onde estava localizado Bin Laden, entraríamos (em território paquistanês) por ele. E é justamente isso o que ocorreu", explicou o titular da CIA.


-extraído de
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5109798-EI18158,00-Bin+Laden+EUA+usaram+afogamento+simulado+por+informacoes.html em 04/05/11

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