CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

sexta-feira, 1 de abril de 2011

BANANAS SÃO BEM-VINDAS, EXPLORAÇÃO NÃO

Sobre a polêmica  desencadeada pela banana atirada ao campo durante o jogo de futebol entre Brasil e Escócia, no último domingo,  o que se tem mais recente é o protesto da Federação de Futebol daquele país, praticamente exigindo desculpas do atacante Neymar Jr., e a nota oficial divulgada por este.
Ambas podem ser lidas nos sites http://esportes.terra.com.br/futebol/brasil2014/noticias/0,,OI5040472-EI10545,00-Neymar+nao+se+desculpa+com+escoceses+e+pede+fim+de+polemica.html  e http://esportes.terra.com.br/futebol/brasil2014/noticias/0,,OI5040472-EI10545,00-Neymar+nao+se+desculpa+com+escoceses+e+pede+fim+de+polemica.html

Entendemos que há um tom de desculpas subjacente na manifestação do Sr. Neymar, com o qual não concordamos.
A nota escocesa fala em identificação do culpado pelo incidente, localizando-o, ao que nos parece, no espaço reservado aos próprios brasileiros.
Sem maiores informações oficiais, a nota dos escoceses é prematura.

Nosso Blog manifesta-se sobre o assunto dizendo que bananas, venham de onde vierem,  são sempre bem-vindas.
Mas exploração  e arrogância não. Assim como o racismo.
E diz mais.
Acerca do assunto relacionado a Futebol Profissional muito mais nos incomoda o comportamento de multinacionais como as que detém marcas como a Adidas, Nike, Umbro etc, que se fazem em cima desse esporte sustentado em grande parte pelos atletas do dito "terceiro mundo" e, não obstante, não investem um centavo na formação destes. Apenas exploram.

Este blog já teve oportunidade de publicar texto sobre isso, tratando da sofrida formação de nossos atletas e do comportamento explorador dessas marcas, que, aliás, os fazem entrar em campo para trabalhar após as 10 horas da noite, para se atender a seus negócios com a mídia e o sistema privado de comunicação.

Eis trecho do texto aqui publicado, "A Crônica Esportiva e o que ela não fala", de Mateus Alves da Silva, cuja íntegra se vê em http://www.blogger.com/posts.g?blogID=8945426833226361493&searchType=ALL&page=7:

"Basta ver o seguinte: considere, por exemplo, a sabida existência de, num só Estado da Federação, como, por exemplo, o de Minas Gerais, de mais de mil clubes de futebol. Coloque aí apenas o material esportivo que isso mobiliza e já se tem certo volume. Acrescente aparato administrativo, some material de torcidas etc. Por fim, considere a movimentação midiática, incluindo a venda de produtos atrelada, e vejamos a que parcela do PIB se chega. Enorme, sem dúvida.
Diante disso, talvez, fosse o caso de sondarmos como se dá a estruturação disso tudo, a começar pela forma como são formados seus personagens principais, ou seja, os atletas do futebol.
E essa, asseguro-vos, em geral, é de entristecer qualquer um.
Ora, basta dizer que já não se tem mais sequer o necessário espaço físico para isso, pois os campos de futebol foram simplesmente tragados pela voracidade da especulação imobiliária. O que sobrou é deveras insuficiente e sofrível. Joga-se, hoje, principalmente em estágio de formação, em cada coisa de arrepiar os cabelos.
A crônica esportiva, a cargo, em geral, desses senhores que, aliás, às vezes, parecem mal distinguir entre a bola e a trave, deveria ser, no mínimo, mais respeitosa com os rapazes que conseguiram chegar à prática profissional do futebol. Assim como deveria ser mais respeitosa com seus treinadores e com as equipes técnicas, desde o roupeiro até os departamentos médicos.
(...)
Se não há sequer espaço físico decente para se iniciar nessa carreira, o resto se imagina.
(...)
Mas não é mera imaginação, não, senhores meus, é real. São reais os campos em que se treina, aspirando poeira semanal de fazer inveja a qualquer silicótico. São reais os treinadores que ali se apresentam com salários atrasados por mais de 3 meses. Alguns treinando equipes, até mesmo de clubes importantíssimos, sem o mero benefício de um almoço, porque o dono da mercearia resolveu achar real a conta pendente. E os cronistas falam de “salários atrasados” sem a menor cerimônia, como se estivessem falando de safras de vinho.
(...)
São reais os meninos que se deslocam, em grandes centros, mais de 2 horas a pé, pela falta de um simples vale-transporte, para se apresentar no treino E, se não chegam ou chegam de “corpo mole”, haverá ainda outro um que se deslocou duas horas e meia em condições semelhantes e lhe tomará o lugar. E lhe tomara o lugar para correr horas seguidas em campos que são verdadeiras armadilhas para meniscos e ligamentos.Tudo isso, para, lograrem o êxito de se apresentarem no profissional um dia, como jogadores ou técnicos, e depois, serem tratados pela crônica esportiva refrigerada como se fossem a quintessência do nada.
E a realidade é cruel na forma e no conteúdo. O conteúdo, aliás, compreende todo um drama humano de fazer inveja a qualquer dramaturgo. Não raro, sobre as pernas franzinas que ali se apresentam, há toda uma carga de esperança de redenção familiar. É o pai que, saído diretamente do turno noturno na fábrica, os olhos chispados de sono, espera pelo gol ou pelo acerto do passe como se fosse a justificativa de mil e tantas humilhações. É a mãe que percorreu quilômetros desde a estação do trem ou do ônibus, acompanhando como podia, até render-se ofegante e dizer: - vai, filho, corre na frente, para não se atrasar, que eu já não aguento mais.
O Ministério Público mesmo volta e meia cai em cima de clubes esportivos e até mesmo de agentes empresários, por manterem meninos deslocados de outras partes do país em concentrações insatisfatórias. Deveria perguntar por que é que se submetem a isso. Certa vez, um amigo meu questionou um rapaz na porta de um cinema em Brasília, indagando-lhe por que ele havia deixado sua terra lá nos confins do Piauí, para ir vender balas na Capital. Resposta simples e objetiva, na lata: - “lá nem bala tem”.

O quadro é muito complexo, mas não nos dispensa de estarmos atentos para o drama humano que ele envolve.
Respeito, portanto, senhores da crônica esportiva. Se querem avacalhar alguém, comecem por perguntar qual é o grau de colaboração que prestam, nessa área da formação dos atletas, por exemplo, essas grandes e famosas corporações cujas marcas são expostas e vendidas nos corpos de tais profissionais. Comparem o seu faturamento e o quanto investem, por exemplo, para criar a base que faz rolar seu negócio. Indaguem, por exemplo, quantos campos de futebol a Nike e a Adidas já criaram e mantém aqui no Brasil. Perguntem quantas equipes de base elas sustentam.
Verão que é nada. Abocanhamento só. Gula desmedida. Exploração do próximo.
E vão continuar despejando sua santa e indignada ira apenas no chute errado ou na escalação mal feita?!."


Em suma, NADA CONTRA AS BANANAS. Se estão sobrando, dá cá que a gente come, com gosto, são bem vindas.

Nike, Adidas etc, etc., já são bem mais preocupantes.

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