CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

domingo, 22 de março de 2009

Futebol, por Mateus Alves da Silva

Tenho uma fascinação incontida por esse esporte e penso que a própria palavra esporte é pouco para classificá-lo. O que dizer de um exercício feito essencialmente com os pés, quando não com a cabeça, sobre o objeto que tem o menor ponto de equilíbrio possível? Ora, direis: mas outros tantos são feitos com a bola. Sim... mas não com os pés, o que faz uma diferença enorme, desde que de há muito trocamos à condição de quadrúmanos arborícolas pela de bímanos terrenos, ou bípedes (o que dá quase na mesma). E não preciso dizer que isso atrofiou nossa base e desenvolveu nossas mãos tanto que acabou sendo concentrada nestas quase toda a habilidade de manejo. Basta ver que não se tem pedejo no léxico.
Quero dizer que há uma enorme diferença entre um chute certeiro com a bola em movimento, ou uma cabeçada, e, por exemplo, uma cortada do voley. Observadas as devidas proporções de complexidade, esta última mal passaria de um soco na parede. E ponha aí todas as demais atividades esportivas com a bola, desde que manuais. Com os pés, ao que sei, é tudo o bom futebol de que falo aqui.
Mas há mais. No Futebol, até o nome é bacana. Parece um chute a gol, assim: fu-tiiiii-bollll! ou, no original, mais bacana ainda, foot- tttttt- ballllllllll! . Que lindo! Há até mesmo o suspense que intermedeia o chute e o desfecho.
E mais? Sim, um notável aspecto. É um dos esportes mais simples, pois lhe basta um pé e algo que role, qualquer objeto que seja. Ou até mesmo que não role...
Daí, amiguinhos, precisa dizer por que ele acaba sendo o mais universal, o adotado com amor impar, sobretudo, pelos mais pobres, países e povos? Ora, tampinhas de garrafa, cocos, meias velhas, mochila de colega, coisas desse tipo etc acham-se pelos chãos aos montes e em todos os lugares. E rede de voley e cesto de basquete e respectivas bolas especiais? Já experimentou arremessar tampinhas até um cesto colocado à distância de um garrafão? Ou vai me dizer que aquele chute animal na latinha de refrigerante descuidada do recreio foi bom só pela maldade? Nada disso. Foi bom, também, porque pegou na veia e foot-ttttttttt-ballllll na parede oposta.
Não que pobreza lhe seja requisito, mas, engraçado: é difícil um jogador profissional dessa arte vindo de origem abastada. Dias atrás, aliás, vislumbrei um indicativo material de explicação para isso, ao ver saltar do caminhão parado o motorista, um sujeito simples trazendo sabe o que no colo? Um minúsculo e pretinho bebê, de no máximo uns seis meses. O negão conversava com outras pessoas, falando alto e gesticulando como um passista, ao passo que o bebê dormia um sono imperturbável e trocado de braço em braço conforme os movimentos do ritmo. E tome solavanco pra lá, virada pra cá e ele, como se diz, nem tô. Lembrei muito de meus filhinhos, de como os carregávamos feito ninhos de beija-flores...
Não tenho dados científicos sobre isso, e tudo, afinal, é incerto. Salvo, é claro, a morte, que, todavia, sendo única, é como se não existisse. Mas algo me diz que um corpo treinado desde essa idade aos solavancos, puxadas e outros movimentos bruscos tende a ser mais maleável e, por conseguinte, hábil para qualquer coisa. Sobretudo, para o futebol.
Mais una cosita. Sendo acessível dessa forma, o Futebol acaba salvando muita gente. De quê? Ao menos da desesperança, pois, como já cantaram por aí, quem não sonhou em ser um jogador de futebol? E o garoto, na tentativa de acertar o gol, frutífera ou fracassada, pode se realizar existencialmente sem precisar ficar acertando outras coisas, algumas nada recomendáveis. Mas aí já é mudar de assunto.

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